O beato Vicente Soler e seus seis companheiros: Deogracias Palácios, León Inchausti, José Rada, Julián Moreno, Vicente Pinilla e José Ricardo Diez, foram fuzilados, em 1936, pelo simples facto de serem cristãos. A guerra civil de Espanha provocou perseguições com massacres de milhares de inocentes: civis e religiosos, por divergências de ideais políticos e intolerância à fé. Nesse período, sete religiosos do Convento agostiniano-recoleto de Motril, Granada, também foram presos e condenados à morte. Todos foram fuzilados. Eram homens simples, provenientes de regiões e famílias de forte tradição cristã, que tinham professado a Regra de Santo Agostinho e se mantinham distantes das discussões políticas, dedicados somente ao ministério sacerdotal, ao confessionário, às penitências, aos pobres e doentes abandonados. Dos sete freis Agostinianos Recoletos, seis deles já haviam se dedicado por longos anos ao serviço em território de missões nas Ilhas Filipinas, no Brasil, na Argentina e na Venezuela. O sétimo, frei José Ricardo Diez, era um irmão não sacerdote de 27 anos que havia ingressado na Ordem dois anos antes. Quando os seis freis missionários regressaram à Espanha, prosseguiram com o seu trabalho na comunidade de Motril. Frei Deogracias Palácios era o prior da comunidade. No dia 25 de julho de 1936, o convento de Motril foi invadido pelos soldados, que fuzilaram cinco religiosos. Eram eles: Frei Deogracias Palácios, Frei Leon Inchausti, Frei José Rada, Frei Julian Moreno e José Ricardo Díez. Dois padres conseguiram despistar os soldados, eram eles o Beato Vicente Soler e o seu companheiro Vicente Pinilla. Vicente Pinilla abrigou-se na Igreja do Divino Pastor, mas foi descoberto no dia seguinte (26 de julho) e fuzilado de imediato. Quem o havia acolhido foi o seu pastor, o padre diocesano Manuel Martin Sierra, que também foi assassinado. O beato Vicente Soler refugiou-se na casa duma família cristã e foi encontrado quarto dias depois a 29 de julho e levado como prisioneiro. O beato Vicente Soler era um religioso exemplar. Iniciou o ministério sacerdotal nas Filipinas, onde experimentou o rigor da perseguição político-religiosa ficando preso durante dezanove anos. Depois, Vicente Soler passou pelo continente Americano para regressar a Espanha. Durante seis anos, o Beato Vicente Soler dirigiu a comunidade da Ordem Agostiniana em Andaluzia. Em 1926, foi eleito superior da Ordem. Ao aceitar o cargo, o Beato Vicente Soler consagrou a Ordem a Nossa Senhora. Mas sentindo o avançar da idade, padre Vicente Soler decidiu retirar-se para o Convento da cidade de Motril. Lá o Beato Vicente Soler continuou ativo, renovou a Associação de Santa Rita, fundou o Círculo dos Trabalhadores Católicos e abriu uma escola noturna. A vida e o apostolado de Vicente Soler foram de zelo apostólico e de amor à Virgem, a São José e ao Sagrado Coração de Jesus. Quando a 29 de julho de 1936 o Beato Vicente Soler foi colocado na prisão, rezava com os prisioneiros, administrava o sacramento da penitência, tendo até mesmo convertido alguns. Por ter sobrevivido à prisão nas Filipinas, Vicente Soler mantinha-se alegre e distraia-os prisioneiros contando factos engraçados da sua vida missionária. No dia 15 de agosto de 1936, festa da Assunção de Nossa Senhora, todos os prisioneiros foram chamados para a execução. Naquele dia seriam fuzilados apenas dezoito. Ao ver o desespero de um pobre pai de oito filhos, o padre Vicente Soler pediu para substituí-lo. Porém o seu pedido foi negado, porque o seu nome já se encontrava na lista para ser executado. A caridade do Beato Vicente Soler não se limitou a esse gesto heroico. Vicente Soler dava a absolvição àqueles que seguiam para a morte. Também deu a absolvição ao décimo primeiro condenado, antes de ele próprio ser fuzilado. O prisioneiro era um jovem que pertencia à Ação Católica, e, apesar de ter sido atingido com três tiros, fez-se de morto, sobrevivendo à execução. Foi esse jovem que contou todos os detalhes sobre o período na prisão e a morte do padre Vicente Soler. Os sete religiosos recoletos mártires de Motril, vítimas do ódio à fé, foram beatificados pelo papa João Paulo II no dia 7 de março de 1999.
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