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São João da Cruz

Sábado, 14 Dezembro 2019por Visualizações : 4895

14 12 S. Joao da Cruz

S. João da Cruz nasceu no ano de 1542 em Fontiveros, Ávila (Espanha) e faleceu a 14 de Dezembro de 1591 em Úbeda, Jaén (Espanha). Era filho de Gonzalo e de Catalina e foi-lhe dado o nome Juan de Yepes y Álvarez. S. João da Cruz nasceu numa família de descendentes de muçulmanos ou judeus convertidos ao cristianismo. Tinha dois irmãos, Luís e Francisco.

O pai de S. João da Cruz trabalhava como contador, para parentes mais ricos que trabalhavam no comércio da seda. Porém, em 1529, depois de se casar com Catalina, uma órfã de classe inferior, Gonzalo foi rejeitado pela família e acabou por ser forçado a trabalhar com a esposa como tecelão. O pai de S. João da Cruz morreu quando João tinha cerca de sete anos. Dois anos mais tarde, o irmão mais velho de João, Luís, morreu, provavelmente por má nutrição resultado da penúria em que vivia a família depois da morte do principal provedor. Depois disso, Catalina mudou-se com João e Francisco, para Arévalo e, três anos depois, para Medina del Campo, onde finalmente conseguiu um emprego como tecelã.

Em Medina del Campo, São João da Cruz entrou numa escola para crianças pobres - geralmente órfãos - e recebeu uma educação básica, principalmente a doutrina cristã, além de alguma comida, roupas e um lugar para viver. Lá, foi escolhido para servir como acólito num mosteiro vizinho de freiras agostinianas. Nos anos seguintes, João trabalhou no hospital e estudou humanidades na escola jesuíta entre 1559 e 1563; a Companhia de Jesus era uma organização recém-criada na época, fundada apenas alguns anos antes por Santo Inácio de Loiola (http://www.paroquia-almancil.pt/utilidades/vida-dos-santos/icalrepeat.detail/2018/07/31/47528/-/s-in%C3%A1cio-de-loiola.html). Em 1563, S. João da Cruz entrou para a Ordem Carmelita e adoptou o nome de "João de São Matias".

No ano seguinte (1564), S. João da Cruz professou votos como carmelita e viajou para Salamanca, onde estudou teologia e filosofia na universidade da cidade e no Colégio de San Andrés. A estadia terá tido poderosa influência sobre suas obras posteriores, pois lecionava ali Frei Luis de León (estudos bíblicos: exegese, hebraico e aramaico).

S. João da Cruz foi ordenado sacerdote em 1567 e deixou clara sua intenção de se juntar à estrita ordem dos cartuxos, que o atraía por encorajar a contemplação solitária e silenciosa. Uma viagem de Salamanca até Medina del Campo, provavelmente em setembro do mesmo ano, mudou os seus planos. Lá S. João da Cruz encontrou-se com uma freira carmelita chamada Teresa de Jesus (http://www.paroquia-almancil.pt/utilidades/vida-dos-santos/icalrepeat.detail/2017/10/16/29002/-/s-teresa-de-jesus.html), que estava na cidade para fundar o seu segundo convento. Santa Teresa contou-lhe sobre os seus projetos para reformar a Ordem Carmelita, que visavam purificá-la ao reintroduzir a observância da regra original, de 1209, que havia sido relaxada pelo papa Eugénio IV em 1432.

Santa Teresa de Jesus pediu a São João da Cruz que desistisse dos cartuxos para segui-la. Depois de um ano final estudando em Salamanca, em Agosto de 1568 S. João da Cruz  viajou com Santa Teresa, de Medina para Valladolid, onde ela planeava fundar outro convento. Depois de passar algum tempo com Santa Teresa em Valladolidi, aprendendo mais sobre esta nova forma de vida carmelita, S. João da Cruz partiu acompanhado pelo frade Antonio de Jesús de Heredia, para fundar um novo mosteiro para frades, o primeiro a seguir os princípios de Santa Teresa de Jesus. Eles receberam permissão para utilizar uma casa em ruínas em Duruelo (Espanha). O mosteiro foi inaugurado a 28 de Novembro de 1568, e nesse dia, João mudou seu nome para "João da Cruz".

Grande reformador da Ordem Carmelita, é considerado, juntamente com Santa Teresa de Ávila, o fundador dos Carmelitas Descalços.

Na noite de 2 de Dezembro de 1577, um grupo de carmelitas contrários às reformas invadiram a casa de S. João da Cruz em Ávila e prenderam-no, acusado de desobedecer às ordens de Placência. S. João da Cruz foi mantido sob um regime brutal que incluía uma tareia de chicote em público ao menos uma vez por semana e um isolamento completo numa cela minúscula. Com exceção das raras ocasiões nas quais recebia permissão para utilizar uma lamparina, S. João da Cruz era obrigado a subir num banco para conseguir ler o seu breviário utilizando a luz que escapava através de um buraco na parede. S. João da Cruz não podia trocar de roupas e era alimentado apenas com pão, água e restos de peixe salgado.

S. João da Cruz conseguiu escapar nove meses depois, a 15 de Agosto de 1578, através de uma pequena janela que existia na cela vizinha depois de conseguir soltar as dobradiças da porta da sua cela.

Depois de um período de convalescença, primeiro entre as freiras de Teresa em Toledo e, depois de seis semanas no Hospital de Santa Cruz, João retomou suas reformas.

Em Outubro de 1578 S. João da Cruz reuniu-se em Almodóvar del Campo com outros defensores da reforma, cada vez mais conhecidos como "carmelitas descalços". Lá, decidiram solicitar ao Papa a separação formal da nova ordem. Nessa reunião, S. João da Cruz foi nomeado superior de El Calvario, um mosteiro isolado de cerca de trinta frades a dezoito quilômetros de Beas (Andaluzia).

A 22 de Junho de 1580, o Papa Gregório XIII assinou um decreto intitulado Pia Consideratione autorizando a separação das ordens. S. João da Cruz escreveu a primeira constituição da ordem. Na época (1581), havia 22 casas, 300 frades e 200 freiras na ordem dos Carmelitas Descalços.

Faleceu a 14 de Dezembro de 1591, vitimado por uma erisipela (infecção bacteriana cutânea).

Foi canonizado em 1726 pelo Papa Bento XIII e é um dos Doutores da Igreja Católica.

 

 S. João da Cruz rogai por nós!

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