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Santa Isabel da Hungria

Terça-feira, 17 Novembro 2015por Visualizações : 6404

17 11 Santa Isabel da Hungria

Santa Isabel da Hungria nasceu a 7 de Julho de 1207 em Pressburgo (Eslováquia) e faleceu a 17 de Novembro de 1231 em Marburgo (Alemanha). Era filha de André II da Hungria e de Gertrudes de Andechs-Meran. Em seu sangue fluía a nobreza das mais poderosas casas reais da Europa. Do lado materno, era sobrinha de Edviges da Silésia e tia das santas Cunegunda (Kinga) e Margarida da Hungria e tia-avó de Isabel de Aragão, Rainha de Portugal e, do lado paterno, prima de Inês de Praga.

Devido ao anuncio do seu nascimento pelo trovador Klingsohr da Transilvânia, Isabel da Hungria foi prometida ao filho mais velho do Conde Hermano I da Turíngia, o infante Hermano. Diz a tradição que a menina, com apenas quatro anos, despediu-se da Hungria e foi levada à Turíngia num berço de prata, acompanhada de uma grande escolta, para ser educada ao lado do futuro esposo. No entanto, quis o destino que o Príncipe Hermano falecesse e em seu lugar, Isabel foi prometida em casamento ao príncipe Luís, segundo filho de Hermano I e da duquesa Sofia de Wittelsbach. O certo é que Luís e Isabel viveram um amor intenso, belo e verdadeiro desde o primeiro momento.

O noivado foi realizado no Castelo de Wartburg, em Eisenach, capital do Ducado da Turíngia, quando Isabel tinha apenas 4 anos e Luís, 11. Anos depois, em 1217, morreu o conde e Luís assumiu a coroa, quando se casou com Isabel em meio à grandes festas. Juntos, viveram um matrimónio exemplar, abençoado com três filhos. Isso, no entanto, fez atrair sobre Isabel os ciúmes de sua sogra, a duquesa Sofia, e demais parentes do esposo, principalmente seus cunhados, os príncipes Henrique Raspe e Conrado e a princesa Inês.

Como governante, Luís IV mostrou-se sábio, forte, corajoso e justo.

A doçura e abnegação de Isabel da Hungria, fortemente enlaçadas por um grande amor a Deus e aos pobres, foram causa de um intenso apostolado missionário junto aos sofridos e por isso mesmo suas práticas de caridade foram objeto das bênçãos divinas, que provou a virtude de sua serva com admiráveis milagres e prodígios. Embora o povo a amasse e a considerasse uma santa, o mesmo não nutriam por ela os parentes de seu amado esposo e demais nobres da corte. A duquesa Sofia, sua cunhada Inês, e os cunhados Henrique e Conrado, sempre a perseguiram e tentaram indispô-la contra o marido, o que a jovem duquesa sempre perdoou e ocultou ao marido. Em várias ocasiões armaram situações para que Luís por ela se antipatizasse e a rejeitasse, como era comum ocorrer com muitos reis levianos da época, mas o amor, o carinho e a admiração que ele sentia por Isabel era maior que tudo.

O mais famoso milagre narrado a seu respeito foi o chamado Milagre das Rosas. Certa vez, Santa Isabel quando levava pães para os pobres nas dobras de seu manto, encontrou-se com o seu marido, que voltava da caça. O duque estranhou a conduta da esposa, que parecia esconder algo. "O que tu levas no avental Isabel?" – perguntou o Rei. Ao que a jovem princesa respondeu, trémula: "São rosas, meu senhor!" Espantado por vê-la curvada ao peso de sua carga, ele abriu o manto que ela apertava contra o corpo e nada mais achou do que belas rosas frescas e orvalhadas, embora fosse inverno e não fosse época de flores. Da sua sobrinha, Santa Isabel, Rainha de Portugal, se conta uma lenda muito idêntica.

Em outra situação, avisado pelos nobres da corte de que a esposa havia acolhido um leproso sobre o próprio leito, Luís correu para lá enojado, achando que a esposa havia enlouquecido, mas os olhos de sua alma se abriram e ele contemplou uma imagem de Cristo Crucificado.

De uma outra feita, sabendo que chegariam alguns nobres da Hungria, enviados pelo rei André para visitarem-nos, Luís mandou preparar uma grande festa para recepcioná-los. Isabel havia passado o dia inteiro cuidando dos pobres e não estava vestida decentemente, o que foi o bastante para receber as críticas daqueles que a perseguiam. Preocupado em proteger a esposa daqueles que a perseguiam, pediu que ela se preparasse convenientemente para o banquete segundo a sua condição de rainha, ainda mais diante dos emissários de seu pai. Contudo, Isabel prometeu ao marido que se apresentaria em todo o esplendor de sua humildade. E qual não foi a surpresa e o deslumbramento de todos quando ela se apresentou na sala do trono diante do marido, da corte e dos visitantes bela e esplendorosa num vestido de brocados, trajando um suntuoso manto de veludo orlado de ouro e pérolas. Assim Deus vestira a sua serva diante a solicitação do fiel Luís.

Luís apoiava e auxiliava a amada esposa em suas grandes obras de caridade e chegava até mesmo a passar horas da noite ajoelhado ao seu lado, segurando-lhe as mãos enquanto ela rezava.

A caminho para as cruzadas, acompanhando o imperador Frederico II] de quem muito admirava, Luís faleceu de peste em Otranto, o que causou enorme dor em Santa Isabel, que recebera a notícia da morte em Outubro, após o nascimento da terceira filha, Gertrudes. Ao saber da morte do esposo, Isabel desesperou-se. Durante oito dias choraram a sua morte. Esta dor, entretanto, foi ainda acrescida de maiores agruras, quando seus cunhados, livres do temor que nutriam pelo irmão mais velho, expulsaram Isabel do castelo com seus filhos, em pleno inverno, sem dinheiro e sem mantimentos. O seu cunhado Henrique Raspe usurpou a coroa e expulsou Isabel e as três criancinhas, acompanhadas das fiéis Judite e Isentrude, e proibiu a quem quer que fosse ajudá-los, sob pena de castigo. O povo que antes idolatrava a jovem duquesa agora se viu obrigado a lhe fechar as portas por medo do novo conde.

Isabel teria ficado em situação complicada se não fosse resgatada mais tarde por sua tia Matilde, Abadessa do Convento Cisterciense de Kitzingen. Seu tio Otto, que era Bispo de Bamberg, tentou convencê-la a se casar novamente com outro príncipe europeu, mas Isabel não quis. Foi então que tomou a decisão mais difícil de sua vida: preferiu confiar a seus parentes a educação dos três filhos - Hermano, Sofia e Gertrudes - e quis tomar o hábito da Ordem Terceira de São Francisco, junto de suas duas fiéis damas de companhia Judite e Isentrude.

Algum tempo depois, entretanto, os cavaleiros que tinham acompanhado o Duque da Turíngia à cruzada voltaram, trazendo seu corpo. Corajosamente enfrentaram os Príncipes, irmãos do duque falecido e exprobaram-lhes a crueldade praticada contra a viúva de seu próprio irmão e contra seus sobrinhos. Os príncipes não resistiram às palavras dos cavaleiros e pediram perdão a Santa Isabel e a restauraram em seus bens e propriedades. Também o Papa havia forçado Henrique a devolver a coroa e a fortuna a cunhada, sob pena de excomunhão. Orientada por Mestre Conrado, Isabel aceitou a fortuna para poder utilizá-la em favor dos pobres. No entanto, entregou o pequeno Hermano para ser educado pela avó no Castelo de Wartburg a fim de se tornar o futuro conde da Turíngia. Quanto a Sofia, entregou-a aos cuidados da tia para ser educada no convento e ela mais tarde se tornou a Duquesa de Brabante. A pequenina Gertrudes foi entregue às monjas do Mosteiro de Altemberg e ali cresceu, tornando-se religiosa mais tarde.

Henrique ficou como regente do ducado durante a menoridade do sobrinho mais velho, o novo duque soberano, porém Isabel preferiu viver na pobreza absoluta, o que muito desejava, retirou-se primeiro para Eisenach, depois para o Castelo de Pottenstein e, finalmente para uma modesta residência em Marburgo. Ali fundou um hospital com parte da herança do marido e se pôs a viver numa humilde choupana, de onde saía para atender os pobres, mendigos e doentes que acolhia amorosamente. A capela do Hospital de Marburgo foi dedicada em honra a São Francisco de Assis.

Mestre Conrado de Marburgo a orientou numa vida de renúncia, impondo-lhe uma rígida e sufocante disciplina. Expulsou de perto dela as duas fiéis amigas Judite e Isentrudem e colocou em sua companhia duas mulheres de vida dissoluta que a agrediam e caluniavam. Mestre Conrado chegou até mesmo a dar-lhe chapadas no rosto. Depois de tantos sofrimentos que Isabel suportou com admirável resignação, a jovem duquesa foi salva por seu antigo protetor e padrinho, o Conde Bertoldo de Saros-Patak, que em companhia de vários outros cavaleiros e nobres amigos fiéis a ela e ao seu falecido marido, obrigaram Mestre Conrado a abrandar o rigor de sua direção espiritual, o que ele fez por medo. Então restituiu Isentrude e Jutta à companhia da Duquesa e a alegria voltou ao seu coração.

Nesta época de sua vida, a santidade de Isabel manifestou-se de forma extraordinária e seu nome tornou-se famoso em todas as montanhas da Alemanha. Dizia-se que São João Batista lhe vinha trazer pessoalmente a comunhão e que inúmeras vezes ela foi visitada pelo próprio Jesus Cristo e pela Virgem Maria, que a consolavam em seus sofrimentos.

Dias antes de sua morte, Nossa Senhora apareceu-lhe cercada de anjos e prometeu-lhe o céu, visão esta que causou profunda alegria ao coração de Isabel. Faleceu docemente na noite do dia 19 de novembro de 1231, com apenas 24 anos.

Foi canonizada pelo Papa Gregório IX em 1235. 

Santa Isabel da Hungria, rogai por nós!

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